Quero ser intelectual,
Poder falar bonito, coisa e tal,
Não ser apenas mais um mero mortal.
Quero estar em outro patamar,
Acima do bem e do mal,
Ser “in-te-lec-tu-al”!
Ah Como quero ser erudito,
Ser famoso, pomposo, falar bonito,
Quero caminhar erguido,
Não me comportar como esse povo esquisito,
Que se acha perdido em suas mesquinharias,
Quero ser erudito.
Com a melhor erudição de um intelectual,
Chega de coisas banais,
Chega de futebol.
E me digam,
Quem não quer ser um letrado?
Dotado de sabedoria,
De teoria, de retórica,
Alcançar a glória de se encher de títulos,
Oras! Digam quem não quer!
Quero sim os títulos, os ritos,
Quero o filé!
Chega de roer o osso,
De só ver carne de pescoço,
Não quero mais ser “aquele moço”.
Quero ser “dotô”!
Doutor das intelectualidades,
Mestre das desigualdades,
Comentarista das misérias,
Quero escrever com a mão direita, mas me dizer canhoto.
Quero ser exaltado mesmo quando for escroto,
Quero além de tudo ser político!
E o que há de errado nisso?
Quero me sentir parte deste país e não um filho postiço!
Quero ter direitos iguais, e nada mais!
Quero meus “direitos iguais” iguais aos da elite,
Chega de cretinice, de mesmice,
Quero ser brasileiro, mas não como o território inteiro,
Quero ser o brasileiro, mas não o tempo inteiro,
Quero só durante a Copa,
Porque o resto da vida o que quero é ser intelectual!
F.T. Hudson
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