As vezes penso em morrer,
Não que eu realmente queira,
É por total inaptidão para a vida,
Sigo perdido em devaneios,
Ruas sem saída,
Desterro,
Abro meus olhos e estou vivendo o “feitiço do tempo”,
Todos os dias são o “dia da marmota”,
As mesmas frases,
A mesma rota,
Consigo prever os diálogos, as brigas, os pouco sorrisos,
Sensação de que não tenho tudo que preciso,
Mas o sentimento não é preciso,
O mesmo caminhar,
O mesmo calo o sapato aperta,
O mesmo bolso da mochila aberta,
A cadeira tem o mesmo defeito,
As costas doem do mesmo jeito,
O remédio faz, mas não faz efeito,
Nas madrugadas o ar é rarefeito,
As noites rivalizam com dias imperfeitos,
O caminhar é pesado,
Os quilômetros passam arrastados,
Assim como o ponteiro das horas,
Os dias passam arrastados desde os tempos da escola,
Ao mesmo tempo não se tem tempo para nada,
É uma vida arrastada!
Porém não posso deixa-la por nada,
Não há possibilidades de cometer tal devaneio,
Cercear minha vida no meio?
Ou no que acredito ser o meio,
Talvez ainda não esteja nem no meio,
Não creio que o melhor seja abandonar,
Não podemos deixar a ansiedade nos tomar,
A morte é a única certeza da vida,
Por que valeria a pena adiantar?
Por que permitiria meus dias a morte roubar?
Prefiro esperar,
Caminhar por esses dias,
Caminhar sem lugar,
Esperar para ver o que virá,
Como observador, como carcará,
Parado, tranquilo, esperando a hora de atacar,
Ou simplesmente livre para voar,
Precisamos urgentemente nos desconectar,
Da tecnologia desapegar,
Beijar, abraçar!
Precisamos viver!
O “dia da marmota” esquecer,
Existem outros filmes para ver,
Existe a possibilidade de viver,
Para o dia em que eu morrer,
Morrer com pena de deixar a vida,
Morrer achando que a estada foi pequena,
Morrer com a certeza de que valeu a pena!
Tudo!
Inclusive os momentos em que minha alma foi pequena!
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Felipe Hudson
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