Para todo lado que olho é porrada,
O soco vem na cara,
Na certeza da impunidade,
Vem na maldade, junto com o mata leão que me sufoca,
Como se na periferia não fossemos sufocados desde o parto,
Que tem tudo pra dar errado em um hospital todo quebrado, lotado,
Com servidores mal pagos e maltratados pelo Estado,
Por sinal, pensa em um cara pós-graduado em maldade é esse tal de Estado,
Governado para vitimar o pobre, e para deixar pior a vida do descamisado,
Deixa órfão o menino carente,
Mata pai em mãe baleados,
E o presente do menino também já está reservado,
Quando entrar com a mochila na escola ganha como regalo um grande soco na cara,
Ganha também joelhada, rasteira, e tudo que tiver direito,
Esse é o kit escolar do governador e também do prefeito,
É tapa na cara e murro no peito,
Espancamento regado a pedidos de respeito,
Gás de pimenta, cacetes e despeito,
E pensar que a maioria dos que agridem também vieram desse gueto,
Triste fim esquecer-se do passado,
Um Alzheimer terrível que abala a segurança do Estado,
A cada dia mais jovens vitimados,
A cada dia o Estado abandonado,
A cada viagem dos governantes um bairro alagado,
A cada professor que desiste um caixão é enterrado!
A cada agressão mais um cidadão periférico revoltado!
E o barril de pólvora só cresce!
Felipe Hudson
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