Anos isolados em nossos corações gelados,
Distanciados dos abraços,
Por trabalhos escravizados,
Horas e horas em congestionamentos,
Congestionando sentimentos em nosso peito,
O cérebro no automático gerando crises de ansiedade,
Sufocados por prédios, contas e pela solidão das grandes cidades,
Guiados por vaidades,
Perdidos em dias nublados.
.
Os anos correram,
Os cabelos foram tingidos na tentativa de voltar no tempo,
Aplicações de botox buscando paralisar o momento,
O apelo a finasterida, buscando evitar a queda,
Tudo foi em vão!
E o pequeno vão que criamos tornou-se um abismo,
Nos afastamos, nos repelimos, nos agredimos,
E nossas recordações ensolaradas,
As viagens planejadas,
A fumaça dos churrascos cancelados,
Tudo se transformou em dias nublados.
.
Mas resta um fio de esperança,
Que reside na ventania,
Em Oyá onde minha fé se cria,
Que se aproxime como brisa,
E que eleve sua potência dia após dia,
Carregue as nuvens e os dias nublados e nos abençoe com amanheceres ensolarados,
Que a vida seja uma eterna quarta-feira,
O equilíbrio entre o cansaço e zoeira,
E que eu possa lhe oferecer uma vela,
E que ela queime,
Como um dia ensolarado!
.
.
.
Felipe Hudson
Deixe um comentário